#Anaslover: Amanda Gramazio
Vinte anos atrás, em 21 de novembro de 1997, nossa amada animação Anastasia era lançada nos cinemas. Um filme inspirado na lenda que algum membro da família imperial russa tenha sobrevivido a revolução. O último Czar de todas as Rússias, como era intitulado, Nicolau II, foi assassinado em 17 de julho de 1918 com sua família na Sibéria, pelos soviéticos, depois de um ano e meio de prisão domiciliar. Dias seguintes ao assassinato foi divulgado que apenas Nicolau tinha sido morto e que sua mulher, a Imperatriz Alexandra, suas quatro filhas, as Grã-Duquesas, Olga, Tatiana, Maria e Anastásia, e seu filho Alexei, permaneciam vivos e em segurança. Apenas sete anos mais tarde foi admitido que toda família tinha sido executada na mesma noite. Porém essa afirmação só trazia mais perguntas. Pouco foi divulgado sobre o assunto, na verdade, era proibido a população falar sobre o Czar ou poderia ser interpretado como apoio ao regime monarca, o que era traição ao Estado. Dos relatos sobre a noite do assassinato só uma coisa estava certa: Quase todos os soldados que participaram da chacina estavam bêbedos. Então a falta de corpos, o pouco que se falava do assunto abertamente ainda com relatos incertos, vários rumores começaram a surgir sobre o assunto.
Ao longo dos anos várias impostoras apareceram alegando ser uma das grã-duquesas que teria sobrevivido. A mais famosa delas foi Anna Anderson, que dizia ser a sobrevivente Anastásia Romanov. Anna tinha algumas semelhanças físicas além do apoio de alguns membros sobreviventes da família Romanov (como Felix Yussupov, casado com a sobrinha do Czar e assassino de Rasputin). Porém quando Anna morreu um teste de DNA comprovou que ela nada tinha de parentesco com o Czar e não era Anastásia. Mas o caso de Anna fez Anastásia se tornar a mais conhecida das grã-duquesas, reforçando a ideia que alguém poderia ter sobrevivido. A suspeita só aumentou no final da década e 80. Com a queda do regime comunista, a União Soviética voltava a ser Rússia, o assunto pode finalmente ser pesquisado por historiadores com menos restrições.
Em 1991, corpos foram encontrados na Sibéria que após testes de DNA foi comprovado que se tratava do Czar e sua família. Ainda faltavam dois corpos a serem encontrados de uma das grã-duquesas mais novas, Maria ou Anastásia e do filho mais novo Alexei. A falta de dois corpos aumentou ainda mais os rumores que Anastásia poderia mesmo ter sobrevivido. Os relatos da noite do assassinado começaram a ser revelados com pontos que poderiam favorecer uma fuga. Os soldados estavam bêbedos, foi necessário em média 147 tiros no total para matar toda família a visibilidade na sala foi quase nula por alguns minutos por causa da pólvora. Para transferir os corpos para uma aérea remota e serem enterrados foi um bom tempo passando corpo por corpo de um caminhão para uma carroça. Poderia alguém que sobreviveu os tiros ter aproveitado um desses momentos para fugir? Foi nesse cenário que nossa animação nasceu. Onde os rumores em São Petersburgo tinham muitos motivos para acreditar que a princesa poderia ter sobrevivido. A animação, por mais fantasiosa que possa ser, trouxe o final perfeito (ou o começo perfeito como disse vovó) para o que muitos queriam que tivesse realmente acontecido com Anastásia Romanov. Um final feliz para uma história tão sangrenta. Porém, os rumores de esperança só duraram durante 10 anos após lançamento do filme. Em 2007, a apenas alguns metros de onde os primeiros cadáveres de Nicolau II e sua família foram encontrados, pesquisadores acharam restos mortais de mais dois corpos. Exames de DNA de alta precisão confirmaram que se tratava de um menino de entre 10 – 13 anos e de uma mulher de entre 18- 23 anos e com certeza eram irmãos. Posteriormente foram feitos exames com o DNA da czarina Alexandra comprovando que se tratavam de filhos dela e por fim exames com o DNA de Nicolau II colocando fim nos rumores. Foram encontrados os corpos dos dois filhos de Nicolau II, todos foram mortos em 1918 e, finalmente, a família estava reunida. A única questão era saber de qual das meninas o último corpo se tratava. Em 2016, 10 anos após os corpos terem sido encontrados, a Rússia declarou que se tratava de Maria e não de Anastásia! Anastásia teria sido encontrada já em 1991 com o restante da família, A lenda da princesa Anastásia na verdade então seria da Princesa Maria. Anastásia só ganharia a fama por ter tido a impostora mais famosa. Essa questão ainda é questionada por alguns pesquisadores e historiadores russos, já que é muito difícil afirmar com tanta certeza se é Maria ou Anastásia a princesa perdida. Ambos Maria (ou Anastásia) e Alexei ainda não foram sepultados na Fortaleza de São Paulo e São Pedro em São Petersburgo. A importância de identificação correta dos corpos aumenta para a Igreja Ortodoxa Russa. Toda família do último czar foi canonizada, e para a Igreja é de suma importância a identificação correta dos corpos. Em 2016, o presidente russo autorizou mais pesquisas com os restos mortais para se ter mais certeza da identidade deles.
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Em vinte anos da nossa animação, 100 anos da revolução russa, onde nossa história se inicia. Tudo mudou na história dos Romanov que tínhamos conhecimento em 1997. A lenda da princesa perdida foi desmascarada, faltando apenas nomeá-la como Maria ou Anastásia Romanov. Infelizmente não teve um final feliz como da nossa amada animação. Porém agora podemos assistir ao filme sabendo das verdades por trás da lenda de Anastasia Nikoláyevna Romanov da Rússia.
Fontes: Os Romanov – Robert K Massie; O Último Czar – Edvard Radzinsky; http://port.pravda.ru/russa/24-08-2007/18830-restos-0/
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